...não digais muitas palavras... (Mateus 6, 7-15)
O Fidelíssimo não obedece ao novo acordo ortográfico.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ermida de Nossa Senhora do Carmo – Azaruja

Parti há dias rumo ao Algarve para praticar o meu inglês. Mas se no Algarve se bronzeia o corpo, no Alentejo bronzeia-se o espírito. A meio curso, encostei na Ermida de Nossa Senhora do Carmo, na Azaruja. Dedicado ao culto de Nossa Senhora do Monte do Carmo, este santuário barroco situa-se a cerca de 2 quilómetros da Igreja Paroquial da Azaruja. Erguida em local ermo, conhecido outrora por Vale da Fornalha, a ermida foi o centro religioso de uma das mais importantes romarias do País. Teve origem num modesto oratório, edificado por eremitas da Ordem do Monte Carmelo que habitaram o local até 1754. A sagração do actual templo data de cerca de 1758. De planta octogonal irregular, conserva um interior revestido de estuques policromos ao gosto rococó, alguns retábulos e altares de talha dourada de bom mérito artístico. Destaca-se o conjunto de cerca de 2.000 ex-votos, a maioria dos séculos XVIII e XIX, verdadeira manifestação de arte e devoção populares (informação patrimonial Turismo de Évora). Um local ausente, de silêncios, de paz e de elevação. De uma luz da Luz, um paraíso dentro de outro paraíso. O isolamento pára o tempo, e sentimos uma pausa na vida...ficam as minhas fotos...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A conversão do não.

Tem-se considerado que polémica é sinónimo de qualidade, de mérito. Pelo contrário: porque é fácil. A polémica pode ser gerada por uma simples baralhação de conceitos ou ideias. Por outro lado, pode ser gerada pela forma pouco inteligente, pouco educada e até ofensiva com que se exprime um pensamento ou convicção. Assim foi o escritor. Foi escritor e foi polémico. Não foi mais nada. Foi nada. Foi um retrocesso. Negativo. Uma corrente de ar abafado. Um exemplo como um Nobel pode evidenciar um ser extremamente desinteressante. Não compreendo porque Portugal sentiu a obrigação, o peso e o dever de lhe prestar homenagem. Não compreendo. Foi um sinal notável da nossa falta de auto-estima. Estivemos preocupados com o conceito dos outros. Não com a nossa dignidade. Que péssimo embaixador. Que vergonha. Quantos não deram a vida pela Pátria no anonimato. São os que A servem que devem ser homenageados. Não os que A negam. De tudo o que se pode admirar num homem, só vi senão tinta, cinzenta...tudo o resto é triste. Hoje, cara a cara com Deus, o escritor desejaria poder começar a escrever...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Comemoração Centenário da República - Opinião Enc. Ed. Mário Neves.

Email ao Agrupamento de Escolas de Aveiro.

"Excelentíssimos senhores,

Não queria deixar de dar conhecimento a V.Exas. deste meu email, enviado à Associação de Pais da EB1 JI de Santiago, o qual não mereceu publicação no respectivo blog (facto que estará, muito provavelmente, associado à liberdade de expressão tão típica da república).

Aproveito para manifestar a V.Exas. a minha indignação e reprovação veemente em relação à propaganda republicana que se encontra exposta no JI de Santiago. Creio que não compete à Escola qualquer interferência viciada sobre a formação de opinião política dos alunos, ainda que se trate, neste caso, de um Jardim de Infância. Compete sim à Escola, com total isenção, promover e estimular junto dos alunos, o seu interesse pela política, bem entendida como instrumento nobre de serviço à causa pública.

Muito respeitosamente,

Mário Neves
Encarregado de Educação de Afonso Duarte Veloso Neves (1º ano) e Leonor Afonso Veloso Neves. (JI)


---------- Mensagem encaminhada ----------

De: Mário Neves

Data: 26 de Maio de 2010 16:42

Assunto: Comemoração Centenário da República - Opinião Enc. Ed. Mário Neves.

Para: eb1santiago@gmail.com

Excelentíssimos Senhores,

Recolhi este endereço de correio electrónico da página da Associação de Pais na internet. Sinceramente, não sei se a referida página constitui apenas um meio de emissão de informação ou se está prevista, igualmente, a liberdade de publicação de opiniões e comunicados diversos dos Pais e Encarregados de Educação. Nesse sentido, se possível, gostaria que fosse dada visibilidade, na mesma página, a esta minha exposição em resultado da organização de uma iniciativa no âmbito do “Centenário da República”. Agradeço antecipadamente.

Com os melhores cumprimentos, Mário Neves.

Encarregado de Educação de Afonso Duarte Veloso Neves (º1 ano) e Leonor Afonso Veloso Neves. (JI)

“ Excelentíssimos senhores,

Recebi no passado dia 24 de Maio, uma notificação escrita informando que, no próximo dia 9 de Junho vão “comemorar o Centenário da República” em cuja iniciativa, os Jardins de Infância vão representar a Monarquia. Agradece-se ainda, no mesmo documento, a nossa colaboração na confecção dos fatos.

Cumpre-me agradecer a notificação, e procederei conforme se solicita. Com efeito, as datas históricas nacionais devem constar do programa de actividade escolar, promovendo junto dos alunos o conhecimento da História de Portugal, não só do ponto de vista cognitivo mas, nessa medida, estimular, prematuramente, o dever de cidadania e desenvolver o sentimento Pátrio. Num mundo globalizado, efectivamente, devem-se cumprir estes desideratos. À organização, parabéns.

Devo, todavia, manifestar o quão desconfortante é para mim satisfazer o presente pedido. Por três razões:

1. Da Legitimidade: na verdade, trata-se não da Implantação mas sim da Imposição da república. Se é verdade que o poder reside no Povo, é não menos verdade que o regime republicano português nunca, em momento algum, foi por aquele sufragado. Como se pode comemorar um regime sem legitimidade democrática?

2. De ordem Criminosa: a imposição da república radica no Regicídio, ou seja, no homicídio de Sua Majestade o Rei D. Carlos e de seu filho, o Príncipe Real D. Luís Filipe. Omitirão este acto criminoso e desumano na representação a que se propõem?

3. Da Fundamentação: da análise política, social, económica e cultural, o que motiva a presente “comemoração” é, designadamente, a degradação moral, desertificação do interior, violação do meio ambiente, violação da Língua Portuguesa, desorientação espiritual, facilitismo na educação e avaliação escolar (bem entendida a desautorização total da classe docente), violação grave da matriz familiar, esquecimento da agricultura, degradação do património cultural, violência, crise económica e dos mercados financeiros, desemprego e, sobretudo: corrupção. Teremos a comemorar ou a lamentar?

Nesse sentido, temo que não reste outra solução à organização senão omitir a verdade histórica para assim poder blindar o interesse pedagógico e cultural da representação. Se assim for possível…

Resta-me a consolação de que os Jardins de Infância vão representar a Monarquia e, em particular, à minha querida filha, cabe a representação de Sua Majestade, a Rainha D. Amélia (creio que assim me foi transmitido). Salvaguardada pela sua profunda infantilidade, não sentirá assim o peso da dor e da desgraça que na realidade caiu sobre a Pessoa que representa, quando, após lhe terem assassinado o marido e o filho, a enviaram para o exílio…

A História não se apaga. O Povo é livre de escolher o seu caminho. A isto se chama Democracia. Todas as outras vias são inaceitáveis. É isto que temos de ensinar aos nossos filhos e aos nossos alunos.

Muito respeitosamente,

Mário Neves

http://fidelissimo.blogspot.com