...não digais muitas palavras... (Mateus 6, 7-15)
O Fidelíssimo não obedece ao novo acordo ortográfico.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O chilreio do cartacho.

"Conta a lenda que, a Rainha Santa Isabel, em busca de paz de espírito e contacto com o Ser Divino, passou por onde hoje é a cidade, pelas terras do "barrio", onde terá repousado e saciado a sua sede, num local onde encontrou sombra e uma fonte. Estando em repouso, deparou-se com um bonito chilreio que ecoava pelos ares em seu redor, tendo observado melhor terá reparado que para além de cantarem de forma linda, estas criaturas voadoras eram também em si lindos, formosos e galantes. A rainha, tendo avistado uns camponeses que se dirigiam para ali, indagou-lhes que pássaros eram aqueles. Os camponeses responderam-lhe, dizendo que eram cartaxos. A rainha agradeceu-lhes e perguntou-lhes que lugar era aquele, ao que eles responderam que era o Lugar da Fonte. Então, a rainha disse para que todos lhe pudessem ouvir: "Pela Graça de Deus, pelo poder que me foi atribuído, que este Lugar da Fonte se passe a chamar de agora em diante Lugar de Cartaxo, e que seja assim para toda a eternidade, e que todas as gentes saibam, e assim se faça de acordo com as leis dos homens sob a presença de meu marido o muy nobre el-rey Dom Dinis e de acordo com as regras de Deus Nosso Senhor Todo-o-Poderoso, que ordena sobre o Céu e sobre a Terra...". Tendo dito isto, partiu, prosseguindo o seu caminho em direcção ao Lugar de Almoster, demandando na sua peregrinação o mosteiro aí existente, o Mosteiro de Almoster" (Fonte wikipedia).
Hoje, errar pela Ereira é não menos encantandor e, na ritmada sociedade moderna, é não menos nobre. Como a Rainha Santa Isabel, também eu me submeto nestas terras, embora não pareça, para uma certa elevação espiritual, na procura de uma isenção da vivência corrupta a que a vida nos obriga. Procuro sentar, parar e ouvir os "cartachos". Não pago nada e ascendo. Em Santarém montei o "Duque", cavalo inteiro de vinte e poucos anos, inteligente mais que o suficiente para me ensinar a dressage com sinais de alta escola...pus os pés nos estribos à Rei D. Carlos e deixei-me aprender...Em Santarém montei, mas foi em Almeirim que tirei a "Alternativa", típico vinho rosé do pioneiro da sopa da pedra: "O Toucinho". Sopa forte mas cativante, bastava de dois repastos para uma senhora esguia da Linha...poderosa...o Pão, gerado na casa, foi de realce...pesava na mão, com duas fatias de presunto de porco preto já não me passava na goela...pesado e consistente, haveria de ser cozido com a Cruz de Cristo. A orelha e o rim de porco chegaram-me grelhados, e foi com a ajuda da dialéctica que ornava na mesa. À minha frente uma cabeça de toiro com seiscentos quilos...abstive-me de sobremesa e tudo isto foi uma autêntica pega de caras. Nobre, Belo e Leal Ribatejo...venha, mas pegue de cernelha...

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