Um parafuso totalmente ferrugento pode parecer verdadeiramente inútil, mas apenas se não se precisar dele. As coisas têm o valor que nós lhes atribuímos. Se precisarmos delas, então são valiosas. É esta rica filosofia que torna interessante qualquer feira de velharias. Aqui vou centrar-me na de Aveiro, aquela que reúne ali aos Arcos…Destes à perfumada Praça do Peixe, encontramos toneladas de variedades, de todos os anos, de todas as áreas, de todos os estilos. Os vendedores não são pessoas que vivem do passado, mas que dignificam a história. Que avivam memórias, transportando os clientes muitas vezes até às tenras infância e adolescência. Numa bancada, cegava radiante um cinzeiro com as Armas Reais de Portugal. Não há nada mais distinto. A proprietária e vendedora parecia-me ser de uma visível humildade. Não diria que fosse uma conservadora, muito menos uma especialista ou avaliadora de antiguidades. Mas, ao interpelá-la, foi de uma surpreendente objectividade na definição do potencial cliente: “Este é para o verdadeiro Português”. É curioso como esta noção de que apenas a Monarquia confere a dignidade da Portugalidade (e o privilégio de ser Português) está enraizada na concepção de todas as pessoas…de todas as instruções...
segunda-feira, 16 de junho de 2008
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