...não digais muitas palavras... (Mateus 6, 7-15)
O Fidelíssimo não obedece ao novo acordo ortográfico.

sábado, 12 de julho de 2008

Que Planeamento e Arquitectura Urbanística para Portugal?



Quando, no verão de 1994, cheguei à lindíssima cidade de Bath, Inglaterra, para mais um curso de Inglês, através da maravilhosa Royal School of Languages de Aveiro, fiquei com a sensação de que tinha chegado a uma cidade de legos. E esta sensação resultou da coerência das linhas arquitectónicas de Bath, e do seu planeamento urbanístico: Quem não conhece, por exemplo, o Royal Crescent, do Séc. XVIII, de estilo Neo-Clássico Georgiano? É verdadeiramente notável. Bath é hoje visitada por milhares de turistas e é das mais belas cidades de Inglaterra. Líndissima sob todos os ângulos. De cor clara na fachada, verdíssima nos jardins e parques. Em cima, Pulteney Bridge.
Por seu lado, apresento aqui um pormenor da minha querida cidade Natal, Aveiro, no centro da cidade, aliás, exactamente, no sítio onde nasci, na antiga Casa de Saúde. Numa só perspectiva, 3 linhas arquitectónicas distintas e separadas no tempo, todas em tão poucos metros: primeiro, do lado esquerdo, um moderníssimo edifício; em frente, uma prédio antigo, de construção simples, mas de pé alto, quase apalaçado; e lá atrás, rasgando o céu de Aveiro, o famoso edifício semi-moderno da Segurança Social...Estamos afinal em que cidade? Com que planeamento? Que traça arquitectónica tem a cidade de Aveiro? Que tipicidade é que temos e que queremos? Tenhamos consciência de que o processo de desenvolvimento urbanístico se pode constituir cada vez mais irreversível...Porque é que nos orgulhamos sempre das casas riscadas da Costa Nova e fazemos precisamente o contrário em Aveiro? Mas esta minha preocupação é extensível a todas as localidades de Portugal...

domingo, 6 de julho de 2008

Capela de S. João Evangelista "salva" pelo mecenato.


"A Capela de S. João Evangelista, no Museu de Aveiro, vai ser restaurada com a ajuda da empresa Primus Vitoria, de Aradas, Aveiro. No valor de 18.550,00 euros, a ajuda surge ao abrigo do estatuto do mecenato cultural, na sequência da campanha de angariação de apoio mecenático, denominada "Seja mecenas de um grande museu: apoie o Museu de Aveiro!" levada a cabo pela instituição. Margarida Ferreira vê esta resposta da Primus Vitoria como um passo em frente no que respeita à envolvência do sector comercial na salvaguarda do património. "Esta parceria é fruto da campanha de apelo ao mecenato, mas também de uma progressiva sensibilização das pessoas para a protecção do património, que tem sido conseguida aos poucos", afirmou a directora do Museu de Aveiro ao Diário de Aveiro, confirmando a existência de outras parcerias iminentes, com vista ao restauro de peças, de colecções ou para apoio a actividades. O Museu de Aveiro conta já com os apoios dos hotéis Moliceiro e Imperial, da Margres, da C.A.C.I.A., do grupo Portucel Soporcel e, ainda, da Farbeira, Cofarbel Farcentro. Identidade com a peça. Margarida Ferreira salienta que a escolha da Primus Vitoria "faz todo o sentido", por se tratar de uma empresa do sector cerâmico, fabricante de azulejos tradicionais. "Escolheram a Capela por se identificarem com ela. Foi uma perspectiva muito interessante", comenta a responsável. O Museu de Aveiro ainda possui um número elevado de peças à espera de mecenas. "Precisamos de apoios para restaurar várias peças de colecção que vão integrar a exposição permanente no renovado Museu de Aveiro", salienta Margarida Ferreira. Algumas já foram "adoptadas", mas ainda há muitas pinturas, painéis de azulejos, altares, sacrários, túmulos, paramentos e peças de mobiliário que continuam à espera de quem os valorize e contribua para o seu restauro. Peças à espera de mecenas. Há valores para todas as bolsas, como é o caso de uma pintura de Santa Joana (óleo sobre folha metálica), cujo restauro está orçamentado em 190 euros, e que, após intervenção, vai integrar a "Sala I" da exposição permanente, relativa à Iconografia da Princesa Santa Joana. O antigo Convento de Jesus, actual Museu, está a ser objecto de obras de ampliação e requalificação, no valor de cinco milhões de euros. Além da reabilitação do edifício as obras compreendem a criação de novos serviços, nomeadamente, biblioteca, auditório, cafetaria, laboratórios de conservação e restauro, reservas, serviços educativos e gabinetes. A sua reabertura está prevista para finais de este ano. Capela tem estado encerrada ao público. A Capela de S. João Evangelista situa-se na ala norte do claustro e não tem estado acessível à visitas do público devido ao seu (mau) estado de conservação. Aliás, as paredes tiveram que ser revestidas a tecido para evitar a queda de peças. Esta capela seiscentista tem como ponto original o facto de ser revestida, na sua totalidade, a azulejo, do século XVII. O pavimento apresenta uma excelente composição livre, que aproveita de maneira original o padrão e a barra envolvente das paredes, associados a um xadrez verde e branco. É de autor desconhecido, tem 2,70 metros de altura, 3 metros de largura e 5 de profundidade. (Diário Regional de Aveiro, 3 Julho de 2008). É com profunda admiração e respeito que encaro este exemplo de mecenato, que é coragem, responsabilidade social e cidadania empresarial, que leva à conservação do nosso tão querido Património Arquitectónico português. E o de Aveiro, que é tão rico e tão delicado. Daí a necessidade premente de contínuas acções que sensibilizem particulares e pessoas colectivas a colaborar na conservação do nosso Património. Já que o Estado se demite dessa função! Muito obrigado, PRIMUS VITORIA!