Há já alguns anos que andava para visitar Evoramonte, em memória das minhas saudosas aulas de história e prestando justo tributo à notável fortificação onde, a 26 de Maio de 1834, se assinou a célebre Convenção de Evoramonte. Mesmo quase sempre instalado no meu quartel-general em Mora (Monte da Fraga), e recorrendo à linha Estremoz, Borba e Vila Viçosa, não tinha sido oportuno lá passar. Ora, foi há dias colmatada essa minha grande lacuna cultural e patriótica…
Evoramonte é mais um exemplo de como a Monarquia Portuguesa era (e é!) magnânime. Era total. Era nacional. Todo o território nacional era Nacional. Todo o território português era Português. Evoramonte e bem assim Vila Viçosa, Trancoso, Póvoa de Lanhoso, Guimarães, Leça do Balio, Elvas entre tantas outras que, não sendo ao mesmo tempo Lisboa e Porto, foram importantes e algumas decisivas na história da vida nacional. Hoje sim, o regime republicano remete para o esquecimento e abandono o interior da Nação. Mas eu não esqueço. E mais, gosto muito e cada vez mais do interior do País, sobretudo no Alentejo.
“Dominando a planície alentejana, no alto de uma colina com 481 metros de altitude, surge o Castelo de Evoramonte, povoação que se distinguiu na História de Portugal contemporâneo por ali ter sido assinada a Convenção que, em 26 de Maio de 1834, restabeleceu a Paz em Portugal, após vários anos de sangrenta guerra civil entre Liberais e Absolutistas.
Acerca da sua fundação pouco de sabe. Provavelmente terá sido conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, em 1166, mas não existem fontes seguras que o possam confirmar.
A primeira menção a Evoramonte surge no ano de 1248, quando D. Afonso III lhe concedeu Carta de Foral, posteriormente corroborada e ampliada em 1271, com o intuito de povoar a vila.
Em 1306, tendo como objectivo proteger a vila e os seus habitantes, D. Dinis manda construir as muralhas medievais, que ainda hoje subsistem e mantêm as suas quatro portas em arco de ogiva, da época da fundação.
D. Nuno Álvares Pereira recebe a vila por doação em 1385 e cede-a, em 1461, ao seu neto D. Fernando, tornando-a propriedade do Ducado de Bragança.
A 15 de Dezembro de 1516, D. Manuel I concede à vila a Carta de Foral da Leitura Nova, confirmando o Termo Evoramontense.
Em Fevereiro de 1531, a vila foi sacudida por um violento sismo que destruiu quase por completo as suas estruturas medievais.
Para afirmar o poder da Casa de Bragança na época, D. Jaime I e D. Teodósio I mandam reforçar as muralhas com baluartes cilíndricos e erguer a imponente Torre/Paço Ducal, logo após o terramoto.
A torre é um exemplar único da arquitectura militar de transição, do manuelino final, sem antecedentes nem precedentes em Portugal, e que serviu essencialmente como residência de caça dos Duques de Bragança. A sua posição dominante e cénica, no meio da planície, cumpre na íntegra o propósito da sua construção: afirmar a Casa de Bragança como a segunda mais poderosa do Reino e dando sentido à máxima “Depois de Vós, Nós”, ou seja, depois do Rei, a Casa de Bragança. Esta particularidade está fortemente presente na concepção do edifício, através dos Nós que envolvem o mesmo e que se tratam de um símbolo da heráldica Bragantina, adoptado pelos arquitectos responsáveis pela sua autoria, os irmãos Francisco e Diogo de Arruda.
A Convenção de Evoramonte foi assinada na casa de Joaquim António Sarmago, Presidente da Câmara na altura, tendo confirmado a vitória dos liberais, seguidores de D. Pedro IV, sob os absolutistas, seguidores de D. Miguel.
Esta guerra entre irmãos terminaria, assim, numa modesta casa da Rua Direita desta vila, na qual se reuniram os Duques de Terceira e Saldanha, pelos liberais, e o General Joaquim Azevedo e Lemos, chefe absolutista, assinando a Convenção, que resultou no exílio de D. Miguel para Áustria e no triunfo do Liberalismo em Portugal.
Evoramonte foi sede de concelho até 1855, altura em que passou a integrar o Concelho de Estremoz, situação que ainda hoje se mantém.” (Marisa Serrano – Freguesia de Evoramonte 2008).
Fica o registo da minha perspectiva óptica.
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